segunda-feira, maio 09, 2011

Justiça

O documentário “Justiça” de Maria Augusta Ramos é uma denúncia do sistema judiciário e prisional no Rio de Janeiro.

Assistindo ao documentário, aprendemos a nos comportar como jornalistas. Ouvindo todos os lados envolvidos, denunciando, sendo imparcial e deixando público chegar a sua própria conclusão.

O melhor é que apesar de falar sobre processos que seriam um escândalo na mídia, como o juiz que não percebeu que o réu era paraplégico e que isso anularia todos os depoimentos contra ele, nada é feito de forma sensacionalista, como o que normalmente acontece.

Além de ganhar vários prêmios, o documentário é inovador no seu formato, que foge dos padrões de entrevistas, trilha sonora, e offs. Sendo apenas um registro de fatos que aconteceram durante três casos diferentes.

Em cada caso, a história dos envolvidos é contada através de cenas da sua rotina. E em cada história, um problema diferente. Ao mostrar a rotina do juiz, o vemos ensinando a seus alunos a busca pela real verdade. E no seu trabalho, mostra indiferença ao réu. Mostrando a rotina do réu, vemos a superlotação dos cárceres no Brasil. Na rotina da família, notamos o sofrimento ao ver seu filho presos, e a dificuldade de aceitá-los como culpados. Vendo a rotina da defensoria pública percebemos os problemas em provar a inocência de alguém, e às vezes, a melhor saída é culpar o sistema.

Mas será que o sistema não é realmente culpado? As condições da educação pública, do acesso ao trabalho e do sistema judiciário marginalizam a sociedade cada vez mais.

A solução não é apenas a inclusão de classes desfavorecidas, ou especialização de trabalho para a geração de empregos, é preciso fazer uma reforma estrutural e cultural no Brasil.


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