
A fila começa a se formar um dia antes da abertura dos portões. Mães, esposas, irmãs e crianças acampam em frente ao Centro de Detenção Provisória. È dia de visita.
Essas mulheres se sacrificam para ficar nos fins de semana com seus filhos, maridos e irmãos que estão presos com mais outros detentos que ocupam mais que o dobro do que a capacidade que a cadeia permite.
O Centro de Detenção Provisória de Diadema, por exemplo, tem capacidade para 576 presos mas é ocupado por 1181. O CDP de São Bernardo do Campo tem 2024 detentos e sua disponibilidade é para 768. Já o Centro de Detenção de Santo André tem 512 vagas mas abrigam 1710 presos.
A rotina dessas mulheres até o encontro dos seus parentes é muito pesada. Além de esperar horas e às vezes até dias na fila, a revista é muito abusiva. “Você tem que ficar pelada, agachar três vezes e quando ela acha que ta legal pede pra levantar e agachar de novo” detalha a mãe de um detento que prefere ser identificada apenas como Kate.
Há regras rígidas também para as roupas que devem ser sempre de moletom ou de algodão, sendo sempre de cores fortes como rosa, vermelho, laranja e verde, pois as roupas dos reclusos são brancas e assim há distinção entre detentos e visitantes e também só pode entrar de sandália de dedo e sem nenhum tipo de acessório como brincos, colares, pulseiras, cintos.
As visitantes podem levar comida para seus parentes presos só que apenas em potes plásticos transparentes com tampas brancas e em sacolas de plástico. Não pode haver ossose as bebidas sem rotulo. Dentro do Centro de detenção um funcionário revista a comida para ver se não a qualquer elemento perigoso dentro.
“Nem sempre são só os ossos que ele implicam. Uma vez tinha milho na comida do meu filho, eles não gostaram e fizeram eu tirar um a um. As vezes não é nem regra, mas implicância.” Conta uma mãe que não quis se identificar.
Os visitantes possuem uma carteirinha de identificação com foto para entrar nos centros de detenção provisória. Caso alguma das regras mencionadas acima seja descumprida, a carteirinha é retirada dos familiares que correm o risco de ficar até 90 dias sem poder ver o detento.
Os dias de visita são de sábado e domingo das 8 às 16 horas e em média passam mais de 400 visitantes por dia , como informa o vice-diretor do CDP de diadema, Andre Luiz Alves.
São quatro prédios divididos entre pares e impares no CDP de Diadema. Assim os dias de visita são alternados prédios pares aos sábados e prédios impares aos domingos. A cada mês existe uma troca para evitar futuros problemas.
Segundo o site da Secretaria da Administração Penitenciária, os 32 CDPs do Estado abrigam 43.692 presos provisórios. Se for levado em conta que a maioria tem capacidade para 768 detentos, as unidades deveriam abrigar 24.576, mas estão com quase 20 mil homens a mais.